sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Soro: atuação no sistema imunológico

As proteínas do soro do leite bovino melhoram o funcionamento do sistema imunológico. É o que demonstram algumas pesquisas feitas recentemente. O estudo, embora ainda não concluído, já obteve bons resultados em crianças portadoras do vírus HIV, às quais foi ministrado um suplemento protéico feito a partir do soro do leite.
Subproduto da fabricação do queijo, o soro era, na maior parte, descartado pela indústria de laticínios, apesar de ser riquíssimo em proteínas e lactose. O suplemento alimentar é feito a partir do soro do leite pasteurizado e desnatado. A pasteurização não desnatura as proteínas, pois o leite é aquecido a 72o por apenas 15 segundos. A coagulação do leite é feita à temperatura de 38o. A concentração das proteínas do soro é feita por ultrafiltração. O soro é separado em duas partes: permeado e retentado. O permeado, composto basicamente de lactose, foi descartado no experimento. O retentado, usado na fabricação do suplemento, é formado por aproximadamente 85% de proteína e 15% de lactose, além de minerais e vitaminas.
O retentado passa por uma lavagem com água pura no mesmo ultrafiltro, para concentrar as proteínas e eliminar ao máximo os outros componentes. Depois é desidratado por liofilização e dá origem ao suplemento alimentar em pó usado na pesquisa.
Para o experimento, foram selecionadas 90 crianças portadoras de HIV, todas em tratamento clínico regular. Elas foram divididas em três grupos: o primeiro recebeu o suplemento durante quatro meses; o segundo, um placebo, e o terceiro não recebeu qualquer substância (grupo de controle).
As crianças que ingeriram o suplemento apresentaram melhor quadro imunológico (medido pela contagem de linfócitos ou pela dosagem de anticorpos) e tiveram menor incidência de doenças oportunistas. Ainda não se sabe se o mecanismo bioquímico estimula a produção de anticorpos. O concentrado tem de 10 a 15 proteínas diferentes e não se identificou ainda qual delas tem o efeito. O suplemento estimula a produção de glutationa, peptídeo produzido naturalmente pelo organismo que parece estimular o sistema imunológico.
O produto não tem gosto e pode ser adicionado aos alimentos. O permeado também tem utilidade: pode ser usado como complemento alimentar ou como meio de cultura para microrganismos em laboratório. A produção em larga escala depende do interesse e da adaptação da indústria alimentícia.