quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Alimentos Orgânicos

O que é um alimento orgânico?

Todo alimento orgânico é muito mais que um produto sem agrotóxicos. É o resultado de um sistema de produção agrícola que busca manejar de forma equilibrada o solo e demais recursos naturais (água, plantas, animais, insetos, etc.), conservando-os a longo prazo e mantendo a harmonia desses elementos entre si e com os seres humanos. Deste modo, para se obter um alimento verdadeiramente orgânico, é necessário administrar conhecimentos de diversas ciências (agronomia, ecologia, sociologia, economia, entre outras) para que o agricultor, através de um trabalho harmonizado com a natureza, possa ofertar ao consumidor alimentos que promovam não apenas a saúde deste último, mas também do planeta como um todo.
Para alcançar este objetivo, existe uma disciplina teórica que integra as descobertas de várias ciências, buscando compreender em profundidade a natureza e os princípios que a regem. Esta disciplina é a Agroecologia.

O que é a Agroecologia?

A Agroecologia é uma nova abordagem da agricultura que integra diversos aspectos agronômicos, ecológicos e socioeconômicos, na avaliação dos efeitos das técnicas agrícolas sobre a produção de alimentos e na sociedade como um todo.
Fazendo uma analogia da Agroecologia com uma grande e frondosa árvore, podemos imaginar essa disciplina como o tronco principal, de onde partem diversos galhos, que são as correntes alternativas da agricultura. Essas correntes são as seguintes: orgânica e biológica, biodinâmica, natural e permacultura

A Carne e o Leite Orgânicos

De acordo com a pecuária de corte e pecuária de leite convencionais, a vaca e o boi são considerados como máquinas processadoras de alimentos, que devem responder o que lhes é depositado em comida e remédios com produções sempre crescentes de carne e de leite até serem descartados do sistema. Problemas na estrutura óssea ou no metabolismo do animal são vistos como desvios a serem eliminados a qualquer custo, mesmo que para isso se diminua a vida útil do animal.
Contudo, essa perspectiva de tratar os animais como "mecanismos" ao invés de "organismos", tem gerado conseqüências muito mais sérias do que distúrbios de saúde no rebanho; agora passa a atingir também o ser humano.
A doença da "vaca louca", que tanto apareceu na mídia não é um fator isolado; é, sim, um sintoma dessa mentalidade: animais que possuem uma dieta baseada no consumo de rações concentradas que possuem proteína de origem animal, ou seja rações com farinha de ossos e farinha de sangue em vez de uma dieta baseada no uso de forragens disponiveis nos pastos. Resultado: o estresse aumentou e as doenças atacaram. Não se trata de abominar a carne bovina, a carne da vaca é saudável, a doença reside no desrespeito à natureza do animal.
Ao contrário, quando o produtor trata um rebanho pensando no bem-estar animal, além de prevenir uma série de distúrbios fisiológicos e de comportamento (os quais geram as doenças), ele permite que o animal demonstre todo seu potencial de produção de carne e leite sem desgaste para o seu organismo. Pois um animal, mais do que "bifes" e tetas deve ser visto no seu conjunto, como prescreve a agricultura orgânica. Nela não existem "máquinas", mas seres vivos que merecem um tratamento digno pelos alimentos que ofertam as pessoas.
Por isso, seja no consumo de laticínios, seja na ingestão de carnes com o selo de orgânicos, o consumidor além de saber que tais produtos estão livres de hormônios sintéticos e agrotóxicos, pode ter mais uma certeza; a de que o seu sistema de produção proporcionou aos animais o que eles também merecem: qualidade de vida.
Os alimentos orgânicos são realmente mais saudáveis?
A fim de comemorar o "Mês da Colheita Orgânica" nos Estados Unidos, lojas de produtos naturais, feiras e supermercados planejaram tudo, desde receitas e degustações até aulas de culinária. A fabricante de iogurtes Stonyfield Farms apresenta o seu slogan: "Coma orgânicos, eles farão de você uma pessoa melhor". Mas, será que o farão mesmo?
Passadas as longas fileiras de macieiras que separam a loja da estrada, os consumidores deliciam-se com os produtos frescos e naturais do mercado de Larry em Kirkland, Washington. "Hoje em dia, as pessoas pedem muito mais por produtos orgânicos", diz uma fucionária local, Tolga Konuk.
"As coisas mudaram muito desde as primeiras feiras de produtos orgânicos, onde se fazia de tudo, menos comprar - viam-se os amigos, trocavam-se receitas ou simplesmente circulava-se ao som de reggae", lembra Arge. Em uma loja de alimentos de Arcata, Califórnia, há um cesto com óculos de Groucho Marx para os consumidores: "Você os pega para dizer "Não tenho tempo a perder, estou no meu horário de almoço, não me incomode". Os alimentos orgânicos, cultivados e processados em equilíbrio com a natureza, sem o uso de pesticidas e fertilizantes químicos, são hoje um grande negócio. Em 1998, os americanos gastaram mais de US$ 5 bilhões em produtos desse tipo, cujas vendas têm aumentado mais de 25% a cada ano. A maioria dos grandes supermercados estão ampliando suas linhas orgânicas.
"Os consumidores estão descobrindo que frutas e vegetais orgânicos têm gosto e aparência melhores", diz Holly Givens, diretora de Comunicação da Associação Comercial de Orgânicos (ACO). "As pessoas estão mais interessadas em saber como o alimento é produzido", diz Givens, lembrando o interesse do público nos rótulos de nutrição.
A maioria das pessoas acredita que a comida orgânica é mais segura e saudável. Atualmente, conforme a ACO, sob as regras impostas por 44 agências reguladoras em 30 estados, é ilegal nos alimentos rotulados como orgânicos o uso de pesticidas tóxicos (que matam ervas daninhas, insetos e fungos), bem como os antibióticos, hormônios, esteróides, substâncias geneticamente modificadas, água de esgoto ou radiação nuclear.
Entretanto, o governo federal está ainda no processo de cumprimento das exigências do Ato de Produção de Alimentos Orgânicos de 1990 para lidar com os fazendeiros, atacadistas e outros envolvidos no comércio de produtos orgânicos e estabelecer os parâmetros finais do processo. No momento em que as regras estiverem fixadas, todos os produtos orgânicos deverão ser certificados, deixando os consumidores a par das formas de cultivo e processamento.